Consumidor brasileiro impulsiona adoção da inteligência artificial
O uso da inteligência artificial (IA) tem registrado um crescimento significativo no Brasil, tornando-se parte integrante da jornada de compra dos consumidores. Conforme pesquisa divulgada pela Bain & Company, o Brasil destaca-se como um dos países com maior índice de adoção dessa tecnologia, com 62% dos brasileiros afirmando que utilizam IA, e 18% declarando uso frequente.
Essa taxa é quase o dobro da média observada em países como Estados Unidos e Europa, onde apenas 35% relatam interagir com ferramentas de IA, muitas vezes sem a percepção clara dessa interação. Esse cenário revela o quanto a tecnologia está avançando no mercado nacional, modificando hábitos e expectativas dos consumidores.
Perfis de usuários e os motivos por trás do uso
A pesquisa da Bain revelou cinco categorias distintas entre os consumidores brasileiros quanto ao relacionamento com IA:
- Entusiastas (19%): utilizam IA várias vezes por semana, com foco em produtividade, resolução de problemas, escrita e pesquisa;
- Usuários ocasionais (12%): utilizam a tecnologia com menor frequência, geralmente para aprendizado ou entretenimento;
- Exploradores emergentes (10%): demonstram interesse, mas ainda não usam com regularidade;
- Curiosos cautelosos (32%): interessados, porém hesitam por insegurança ou falta de familiaridade;
- Rejeitadores convictos (17%): postura negativa e não pretendem adotar a IA.
Mesmo usuários não regulares interagem frequentemente com assistentes virtuais, chatbots e corretores automáticos, revelando uma familiaridade crescente.
Entre os principais motivadores para o uso estão a praticidade no cotidiano (64%), a percepção de novas oportunidades profissionais (55%) e a crença de que os benefícios superam os riscos (49%).
Aplicações práticas e futuras tendências
Os usuários, sobretudo os entusiastas, utilizam IA para ampliar produtividade e estimular a criatividade. As atividades mais comuns incluem pesquisa e resumo de informações, citadas por 75% e 59% respectivamente, seguida da assistência na escrita (65% e 53%) e escrita criativa (57% e 41%). Além disso, a edição de imagens, recomendações de compra e acesso a dados atualizados ganham importância.
“A IA generativa pode transformar a experiência do cliente e otimizar operações no varejo, desde que alinhada a uma estratégia de dados robusta e uma cultura inovadora”, afirma especialista da Bain & Company.
Também está previsto um avanço acelerado no uso de dispositivos inteligentes com IA incorporada, como óculos, pingentes e anéis. Nos Estados Unidos, por exemplo, 5% dos adultos já utilizavam esses dispositivos em 2024, com potencial para quadruplicar até o final de 2025.
Desafios para maior adoção e confiança
Apesar do avanço, a pesquisa identificou obstáculos que ainda limitam a adoção da IA no cotidiano dos consumidores brasileiros. A confiança na tecnologia é central: 47% dos não usuários relataram desconforto em compartilhar dados pessoais, 44% apontaram falta de preparo para utilizar a IA e 40% manifestaram receio de serem substituídos.
Esses dados indicam a necessidade de educação tecnológica, segurança jurídica e práticas transparentes para estimular maior aceitação e integração da IA no mercado nacional.
A tendência é que, com a evolução de interfaces baseadas em linguagem natural e maior familiaridade, a adesão cresça expressivamente nos próximos anos, consolidando a inteligência artificial como elemento-chave na transformação digital do Brasil.
Fontes e Referências
- Bain & Company – Estudo sobre adoção de IA no Brasil, 2025
- E-Commerce Brasil – Publicação original e análises relacionadas